A transformação digital vem sendo um dos pilares tecnológicos da atual geração. É impossível pensar em um mundo em que se volte ao analógico, pois muito da realidade vivida hoje foi alcançada graças à digitalização e é sustentada por ela. Não haveria tanto alarde com relação
às inteligências artificiais, por exemplo, sem toda a base de dados construída nos últimos anos e de toda a infraestrutura advinda dos data centers e de tantas outras ferramentas focadas em tornar imaterial o conhecimento e a informação. Não é por acaso que a Futurecom 2023 terá o tema “Connecting the Interactions – a era da interação de dados, pessoas e negócios conectados”.

Ademais, é urgente voltar o olhar à sustentabilidade da transformação digital, pelo bem ambiental e econômico do mundo, e é por isso que nessa edição do evento, a ABREE apoia institucionalmente a feira. Muitas empresas já estão investindo nesse sentido, até porque os ganhos são bem tangíveis. Por um lado, a própria transformação digital já poupa diversos recursos, pois diminui, por exemplo, o uso de papel, que não só retira poluentes do meio ambiente no descarte do resíduo, como evita gastos com água, que é muito demandada na fabricação desse material - são pelo menos 10 litros para a produção de 1 folha.

Além disso, diversos equipamentos, como impressoras, passam a ser cada vez menos utilizados, o que reduz bastante a necessidade de novas aquisições de eletroeletrônicos que se tornam resíduos no futuro. A transformação digital é, sem dúvida, aliada poderosa do meio ambiente e da sustentabilidade em diversas instâncias socioeconômicas.

Apesar desses fatores, não é possível estacionar nesse patamar de desmaterialização. Somente nele já é possível ajudar o meio ambiente e, inclusive, reduzir custos para diversas organizações, mas também é preciso pensar, cada vez mais, em uma transformação digital verde, que volte sua atenção a tecnologias menos poluentes, que aproveite mais e mais materiais reciclados, advindos da logística reversa, entre outras ações.

Os rápidos avanços tecnológicos permitem que mais equipamentos sejam trocados, o que gera resíduo eletrônico e isso precisa ser considerado. É necessário que parcerias sejam forjadas para garantir a reciclagem desses resíduos, que podem voltar, quase sempre, 100% para o mercado, em forma de matéria-prima reciclada.

Empresas precisam investir em tecnologias novas e que já são pensadas para serem verdes, com economias de energia, por exemplo. Um cenário interessante de ser observado é o dos data centers, que são essenciais para a demanda imensa de uso da nuvem, e que por consequência consomem muita energia e emitem poluentes, mas que podem ser otimizados por tecnologias mais atuais.

A Agência Internacional de Energia estimou que os data centers foram responsáveis por 1,3% da demanda global de eletricidade em 2021, e esse número deve continuar a crescer de 10% a 30% ao ano. É muito, mas esse valor não precisa necessariamente crescer, pois data centers verdes estão focados em serem mais eficientes com menor demanda energética.

Também pode destacar que é possível evitar o desperdício, tanto energético quanto financeiro, com servidores ociosos, algo que o Uptime Institure estimou que é um desperdício de 30% da energia consumida. Ou seja, o retorno é financeiro também. Hoje, um único servidor verde faz o que vários faziam há poucos anos. É um ganho em todas as instâncias.

Além do investimento em tecnologias superiores e do direcionamento à reciclagem, para garantir que o que é antigo volte à cadeira produtiva sem demandar novas aquisições de matéria-prima, também é importante monitorar o processo de logística reversa, e a própria tecnologia pode ser usada para isso.

Todas as organizações que investem em tecnologias verdes recebem uma contrapartida positiva em economia e eficiência. É algo totalmente apoiado na aliança entre transformação digital e sustentabilidade, e mais e mais olhos precisam se voltar a essa demanda, pois isso permite um crescimento contínuo e exponencial para toda a cadeia.

A ABREE apoia a Futurecom 2023, que ocorre entre 3 e 5 de outubro, em São Paulo. O evento consolida-se como a maior plataforma B2B de conteúdo e relacionamento voltada ao universo de conectividade da América Latina. Há 24 anos fomentando o mercado, combina exposição, experiências, debates, networking e demonstrações sobre os impactos das aplicações de tecnologias em praticamente todos os segmentos da economia, gerando grandes oportunidades de negócios.

 

*Nilson Maestro é Presidente da ABRRE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.